27 de maio de 2009

Além da Razão

Estela e Plínio estão em casa, aguardam uma visita ilustre para o jantar. Estela, na cozinha, separa os ingredientes e leva as panelas ao fogo. Plínio, na sala, assiste à um programa adolescente daqueles que qualquer adulto torce o nariz, esquecendo que um dia também foi jovem.


– Plínio! Você pode me dar uma ajuda aqui na cozinha? – gritou Estela.


– Só um minuto mãe. Já vai dar o intervalo, - gritou Plínio de volta, sem desgrudar os olhos da TV.


– Anda logo menino! O Dr. Amaro vai chegar às sete e ainda tenho que me arrumar.


Plínio foi até a porta da cozinha.


– Pô mãe! Que saco! Você já me fez ficar em casa hoje... logo hoje que a galera ta indo até a pista.


– Você sabe que há muito tempo quero que você conheça o Dr. Amaro e ia ser difícil conseguir outra oportunidade destas.


– Já tô até vendo. Esse cara deve ser um daqueles chatos lá daquele troço espírita que você frequenta. Vai querer me converter... você sabe que não acredito nestas coisas. Sou muito racional.


– Ninguém vai querer te converter filho. Deixa de ser espezinhento. O Dr. Amaro é um homem muito inteligente. Tenho certeza que você vai gostar de conversar com ele.


– Duvido. Mas fazê ô quê, né? Tu que manda na parada mesmo.


– Bom, pelo menos isso você respeita.


– Mãe, por mais que você acredite e fale nisso o tempo todo, esse negócio de vidas passadas, reencarnação e até mesmo esse papo que existe um Deus sobre todas as coisas, é muito errado. Ta na cara que os manda-chuva ficam inventando isso prá controlar as massas.


– Nossa! Ta ficando eloqüente! Embora eu não entenda metade das palavras e expressões que você usa.


– Deixa de gozação mãe. Tô falando sério.


– Você sabe muito bem que eu não discuto mais este assunto com você. Se algum dia você quiser acreditar em alguma coisa, muito bem, se não, deixa que a vida vai te ensinar.


– Taí. Tudo cortadinho. Posso voltar prá ver meu programa? – Disse Plínio, largando a faca sobre a pia.


– Vai Plínio, vai!


Quase uma hora depois, Plínio ainda está sentado em frente à televisão. Quando Estela entra na sala, já vestida para receber o Dr. Amaro, ele levanta de repente.


– Aí mãe, hein! Essa roupa ta irada! Acho que você ta amarradona nesse Doutor.


– Mais respeito garoto. O Dr. Amaro é um grande amigo, nada mais que isso.


Toca a campainha e Estela vai atender a porta. Dr. Amaro entra.


– Seja bem vindo, Dr. Amaro. Saiba que é um imenso prazer recebê-lo em minha casa, - disse Estela, segurando a mão de Amaro por alguns instantes.


– O prazer é meu Estela. Eu só peço desculpas por ter demorado tanto a aceitar seu convite.


– O senhor, mais do que ninguém, sabe que devemos ter paciência e esperar o momento certo para que as coisas aconteçam.


– É verdade.... Hora! Este deve ser o Plínio, o rapaz mais comentado em nossas reuniões. Muito prazer, Plínio, fico feliz em poder conhecê-lo pessoalmente.


– O prazer é meu, - disse Plínio, aceitando o aperto de mão de Amaro.


– O jantar de hoje é especial e para ficar bom tem que ir ao fogo na hora, portanto... Plínio sirva alguma coisa para o Dr. Amaro que eu vou para a cozinha, volto daqui há alguns minutos.


Assim que Estela sai, Plínio sorri e vai até o pequeno bar no canto da sala.


– E então doutor? O que o senhor vai querer?


– Por enquanto nada Plínio, obrigado. Na verdade estou mesmo interessado em saber um pouco mais de você.


Ele retorna para o sofá e fica de frente para Amaro.


– Olha doutor, vou ser muito sincero com o senhor. Se o senhor veio aqui tentar me convencer a frequentar as reuniões de vocês, pode esquecer. Eu já falei prá minha mãe que não acredito em Deus e em espíritos. Tudo que eu acredito é o que eu posso ver e tocar. Só acredito se tiver uma explicação racional.


– Plínio, eu só vim aqui porque sua mãe me convidou para um jantar, nada mais do que isso. A única coisa que eu gostaria era poder conversar um pouco com você, conhecê-lo melhor, pois este é um hobby meu. Adoro conhecer pessoas novas todos os dias e aprender um pouco sobre elas.


– Desculpe. Eu não queria ofendê-lo, - disse Plínio, passando a mão na cabeça.


– De forma alguma, vamos esquecer isso. Me conte, você está estudando?


– Sim. Estou no segundo ano do ensino médio.


– Acho que isso é equivalente ao segundo científico ou segundo ano do segundo grau, da minha época, correto?


– É. Acho que é isso aí.


– E entre as matérias que você vem estudando ultimamente, qual você acha mais interessante?


Ele ajeitou-se na cadeira. Até que o tal do Dr. Amaro parecia ser gente boa, pensou.


– Ciências. Principalmente física... acho fantástico. Adoro saber como as coisas foram criadas, sabe... toda a engenharia que está por trás de máquinas equipamentos, construções e tudo mais.


– Que bom. Sua mãe lhe contou que eu sou biólogo?


Os olhos de Plínio brilharam.


– Não! É mesmo! Puxa até o ano passado era uma das minhas opções para o vestibular, agora estou em dúvida entre Engenharia Mecânica ou Elétrica.


– É realmente uma área fascinante, pode ter certeza que entendo seu entusiasmo. Mas você também gosta de biologia?


– Prá ser sincero, não muito. Acho que ainda tem muita teoria e muita coisa que não sabem explicar direito.


– Isso é verdade. Existem coisas nas ciências médicas e biológicas realmente fantásticas. Muitas delas têm relacionamento com a engenharia, - disse Amaro, ajeitando a gola da camisa branca, impecavelmente passada.


– É mesmo? Como o quê, por exemplo?


– Pense no olho humano. Do ponto de vista da engenharia é uma máquina perfeita. É capaz de adaptar-se rapidamente a qualquer luminosidade, passa informações precisas ao cérebro para que este seja capaz de gerar imagens nítidas e coloridas, tem um sistema próprio de limpeza e lubrificação, além de durar décadas, muitas vezes sem precisar de qualquer tipo de manutenção.


– É verdade. Eu nunca tinha visto por este ângulo.


– E tem muito mais. Se você observar a natureza com cuidado, vai ver que está repleta de exemplos de equipamentos biológicos fantásticos. E o nosso sistema solar então? Ah! Esse é uma obra prima! Você sabia que se a lua não estivesse exatamente no lugar onde está, a vida na terra não seria possível? E tudo foi milimetricamente planejado: a posição do Sol, a espessura de nossa atmosfera, a temperatura do núcleo da terra...


– Peraí! O senhor ta querendo dizer que alguém planejou essas coisas?


– E você acha que tudo isso é assim por acaso?


Plínio fica um tempo pensativo e finalmente responde.


– Saquei! O senhor veio com esse papo só pra me provar que Deus existe.


– Eu não preciso provar nada prá você, os fatos falam por si.


Estela entra na sala carregando uma bandeja.


– O jantar está servido! Todos para a mesa.


Todos seguem para a mesa em silêncio.


– O que foi Plínio? Parece que viu um fantasma, - disse Estela.


– Vi fantasma nada, mãe... Eu vi Deus.


24 de março de 2009

Polaco

As pernas de Matias tremiam feito vara-verde. Estava diante de um traficante que exigia uma coisa que ele não poderia cumprir. Afinal, o que ele tinha a ver com isso? Mas não tinha jeito, seus argumentos não eram sequer ouvidos pelo homem magro e com o rosto cheio de cicatrizes que chegava a babar de tanto ódio.

Que coisa louca é essa vida da gente. Há poucas horas atrás, ele estava em sua cidadezinha, sem imaginar que naquele dia iria realizar seu sonho de conhecer o Rio de Janeiro. Agora, o que não imaginava mesmo, é que isso seria o fim de sua curta existência na terra.

Ele chegou na loja em que trabalhava às oito em ponto, como fazia todos os dias. Não gostava muito do emprego, mas em uma cidade pequena como Cordeiro, no interior do Estado do Rio, não havia muito o que escolher.

- Bom dia, Matias! – Disse o gerente com um largo sorriso de apresentador de TV.

Matias estranhou, já que raramente Seu Carlos respondia às saudações matinais, ainda mais assim, tomando a dianteira e com tanto entusiasmo.

- Bom dia, - disse um tanto quanto tímido.

- Tenho ótimas notícias, - disse Seu Carlos enquanto caminhava em direção a ele, que ficou esperando o que viria a seguir.

O chefe aproximou-se e, passando o braço por cima do ombro de Matias, disse:

- Você, finalmente, vai conhecer o Rio de Janeiro.

- Mas eu não sei andar no Rio não, Seu Carlos, ta doido?

- Eu conto com você. O Jairzinho, lá da filial do Rio, quebrou a perna e vai ficar quinze dias em casa. Você vai substituir o garoto.

Por alguns instantes, Matias viu passar por sua mente imagens das praias, garotas de “topless”, bailes funk e outras cenas vistas nas novelas desde a época de menino. O Rio era logo ali, mas para ele que a viagem mais longa havia sido até Nova Friburgo, a Cidade Maravilhosa parecia estar em outro continente.

- E então? O que me diz? – Disse Seu Carlos, ainda com aquele sorriso forçado na cara.

- Sei não. Tô com medo de me perder por lá.

- Meu filho, não tem erro. Toma aqui ô: dinheiro pra passagem e alimentação. Neste papel está o número do ônibus que você precisa pegar quando chegar na rodoviária do Rio. É só descer no ponto final, que é na porta da loja.

- E vou dormir onde?

O sorriso do gerente ficou ainda mais largo.

- No sobrado da loja. Tem um apartamento com quarto, banheiro e cozinha. Coisa fina. Você pode comprar comida no supermercado na praça mesmo. Desse jeito, não tem como se perder no Rio.

Um sorriso disfarçado brotou no canto da boca de Matias. “Ta bom que vou para o Rio e vou ficar só aí nessa tal praça. Vou ver a praia e procurar um baile funk”, pensou ele.

- Seu ônibus sai às dez, portanto você tem duas horas para ir em casa pegar suas coisas e ir para a rodoviária.

- Sim, Seu Carlos. Já estou de partida, - disse Matias, pegando o dinheiro e o papel das mãos do gerente e saindo em disparada porta afora.

Já no ônibus, ele abriu o jornal que comprou na rodoviária de Cordeiro. Queria descobrir logo onde as coisas aconteciam no Rio de Janeiro. Eram apenas quinze dias para sua aventura, portanto precisava aproveitar o máximo possível. Após ler algumas linhas dos classificados, caiu no sono e só acordou quando o motorista bateu no seu ombro.

- Ô rapaz! Já chegamos.

Ele esfregou os olhos e levantou cambaleante. Deu alguns passos, mas voltou para pegar o jornal que havia ficado na poltrona ao lado. Quando desceu do ônibus, ficou olhando aquela gente toda passando apressada de um lado para outro.

- Nem acredito. Estou no Rio de Janeiro, - disse baixinho para si mesmo.

Foi até o ponto indicado por Seu Carlos e pegou o 334 em direção à Cordovil. Às três da tarde, estava em frente à loja e tratou de procurar logo Seu Pedro, o gerente da filial. Foi até um rapaz que estava com uniforme da loja.

- Por favor, o Seu Pedro está?

- Está falando com ele.

- Você é o Seu Pedro? O gerente da loja? – Disse Matias, franzindo a testa. O cara parecia ter a mesma idade que ele.

- Sou eu mesmo. Mas, por favor, pare de me chamar de senhor. Só Pedro está de bom tamanho. E você deve ser o Matias, o funcionário de Cordeiro que veio nos dar uma mão?

- É, - disse ele, ainda estudando a fisionomia de Pedro para ter certeza que não estava brincando quanto a ser o gerente da loja.

- Bom, vou te mostrar a loja e apresentar os outros funcionários. Depois te levo até lá em cima para você ver onde vai ficar hospedado. Só vou precisar de você por aqui amanhã, portanto pode tirar o resto do dia de folga.

- Onde tem um baile funk?

- Baile funk? – Disse Pedro, abrindo um sorriso pela pergunta inesperada.

- É. Onde aquelas meninas gostosas ficam rebolando até o chão.

Pedro não se conteve e caiu na gargalhada.

– Você ta falando sério?

- Tô. Qual o problema? – Disse Matias, fechando a cara.

- Nenhum, nenhum, - disse Pedro, deixando a gargalhada virar apenas um sorriso sem graça.

- Lá perto da minha casa tem um baile que bomba, - disse uma menina morena que veio dos fundos da loja em direção a eles.

- Matias, esta é a Penélope, nossa caixa, - disse Pedro.

- Prazer Penélope, Matias.

- Valeu brother. Legal te conhecer. Ta mesmo a fim de ir no baile?

- É. Eu queria conhecer sim.

- Vou deixar os dois se entendendo enquanto falo com aquele cliente. Depois volto pra te levar até o sobrado, - disse Pedro, se afastando em seguida.

A letra de Penélope estava difícil de ler, mas o pior mesmo era ter que pegar dois ônibus para chegar no tal baile. Depois de alguns minutos decifrando o número do primeiro ônibus, ele caminhou até a rua que passava por trás da loja e encontrou o ponto que Penélope havia indicado. Já estava ali por quase vinte minutos e nada do tal ônibus aparecer. Nem parecia que passava ônibus ali. Carro mesmo passou três ou quatro. No ponto não chegou ninguém. Estava ficando preocupado. Sua mãe nunca havia deixado ele vir para o Rio por causa da violência e isso não saía da cabeça enquanto estava ali naquela rua deserta.

Ouviu um som de batidas de funk vindo do final da rua. Não demorou pra que um Chevette marrom aparecesse. O carro vinha bem devagar e parecia ter apenas o motorista e o carona como ocupantes. Os dois com o braço para fora do veículo, batendo na lataria no mesmo ritmo da música. Matias disse baixinho: - Esses caras podiam me dar uma carona até o baile funk. – E riu da própria piada.

O Chevette parou no ponto e um homem completamente careca e tatuado que estava no banco do carona disse: - Ta rindo de quê, ô palhaço?

O sorriso logo desapareceu do rosto de Matias, que com os lábios trêmulos disse: - De nada não senhor. Tô rindo de nada não.

- Taí sozinho na porra da rua e rindo desse jeito. Só pode ser da gente, - disse o motorista, esticando o pescoço para olhar para ele.

- Não. É que lembrei de uma piada.

- Tá querendo... Valdo! Esse cara é o Polaco!

- Porra é ele mesmo! – Disse o careca, abrindo a porta do carro e indo em direção a Matias com uma pistola apontada para sua cabeça.

- Polaco? Quem é Polaco? Eu não sou Polaco, meu nome é Matias.

- Entra logo no carro, porra!

Quando caiu no banco de trás do Chevette, ele tinha lágrimas nos olhos. O careca pegou sua camisa e levantou até a cabeça, deixando a cara de Matias coberta. Alguns minutos depois, estava dentro de um barraco. Frente a frente com Balanagulha, segundo o careca, o chefe da área.

- E então Polaco? Andou sumido hein? – Disse o traficante, mascando o que parecia ser um pequeno pedaço de pau.

- Eu não sou Polaco não senhor. O senhor está me confundindo com outra pessoa, - disse Matias, sentindo as pernas bambas.

- Pára de enrolar Polaco. Tu me vendeu a parada toda malhada. Tá cheio de cliente vindo aqui me encher o saco. Eu quero minha grana de volta.

- Eu juro, moço. Não sei do que o senhor ta falando. Não sei de malhada nenhuma.

- Mas tu ta mesmo querendo virar presunto, né cumpadi?

- Pelo amor de Deus moço. Pode perguntar lá na loja que eu trabalho. Meu nome é Matias.

- Polaco, Polaco, Polaco... Tu costumava ser mais macho... ta sem teus capanga, né mermo? Aí o bicho pega pro teu lado.

- Já disse pro senhor que meu nome não é Polaco.

- Vai tê jeito não, né Polaco. Minha grana eu não vejo mais. Valdo, leva e joga na vala. Esse aí não vai mais vender pó malhado pra mais ninguém.

De volta ao Chevette e com a camisa tapando a cara, Matias chorava copiosamente e tentava convencer o careca que não era o tal do Polaco. O motorista não falou mais nada desde o ponto do ônibus, mas estava sempre com um sorriso no canto da boca.

Depois de algum tempo rodando, eles finalmente pararam e o careca tirou a camisa de Matias.

- Sai do carro, Polaco.

Ele obedeceu e viu que estavam em uma espécie de terreno baldio. Podia ver algumas construções ao longe, mas ali era completamente deserto. Com a pistola apontada para sua cabeça, ele caminhou na direção apontada por Valdo.

- Aí ta bom. Ajoelha e fecha o olho, - disse o careca.

Matias obedeceu e começou a rezar baixinho.

Um barulho no mato chamou a atenção do careca e por alguns segundos ele pensou em sair correndo, mas simplesmente não conseguia se mover. Quase uma dezena de homens armados saiu do mato e veio na direção deles.

- Mas não é que decidimos usar o mesmo lugar para apagar nossos desafetos, - disse o jovem que vinha na frente do bando.

- Po-po-polaco? – Disse o careca, quase deixando a arma cair.

- Qual é a surpresa Valdo? Até parece que nunca me viu.

- Mas você, ta...

- Tô o quê Mané? Tu que ta invadindo minha área pra ficar desovando presunto.

Ao chegar mais perto, o jovem encarou Matias, que estava com os olhos vidrados e a boca semi-aberta.

- Que porra é essa? Clone? De onde tu tirou esse cara?

- Olha Polaco, eu não to entendendo mais nada... – Disse o careca, agora visivelmente nervoso.

O motorista foi saindo de fininho, mas um dos homens segurou seu braço e o jogou de volta para o lado do careca.

Matias não acreditava no que estava vendo. O jovem parecia ser seu irmão gêmeo, tamanha a semelhança. Agora ele entendia porque o traficante o confundiu com o tal do Polaco. Eles eram praticamente iguais.

- Já que o careca não quer falar, fala tu ô clone do capeta. Que quê ta acontecendo aqui?

- Eles me pegaram no ponto do ônibus, me levaram para um lugar onde um tal de Balanagulha disse que queria o dinheiro dele de volta e eu-

- Fala devagar, porra! Assim eu não entendo porra nenhuma.

- Desculpe, Seu Polaco. O tal Balanagulha queria que eu devolvesse o dinheiro dele. Me falou que eu tinha vendido alguma coisa malhada. Eu disse que não era o senhor. Quer dizer, eu nem sabia que o senhor existia, mas eu disse que não era o Polaco. Então eles me trouxeram até aqui e iam me matar quando o senhor chegou.

- Levanta daí. Qual o teu nome? – disse Polaco, se aproximando.

- Matias.

- Tu é daqui da área?

- Não senhor. Sou do interior.

- E ta fazendo o quê aqui?

- Eu vim substituir um funcionário de uma loja em Cordovil.

- Passa lá pra trás que tu não vai querer ver isso.

Matias foi caminhando lentamente em direção ao mato. Quando achou que já estava perto o suficiente, começou a correr. Depois de alguns minutos, ouviu dois tiros. Continuou correndo em direção às luzes do horizonte. Só parou quando encontrou uma rua, onde pegou uma van que passava pela rodoviária. Embarcou no último ônibus do dia para Cordeiro.

- Seu Carlos pode me mandar embora, mas Rio de Janeiro... nunca mais!

9 de março de 2009

Processo de Escrever Teia Negra

Escrever um livro. Não um livro qualquer, mas um livro que eu gostasse de ler. Para alguns esta tarefa pode até parecer fácil, mas pra mim, que sou muito exigente quanto ao que leio, foram muitos meses de trabalho. Busquei inspiração nos livros e filmes que me marcaram profundamente pela inteligência da trama e pelo final sofisticado e surpreendente.

Espero sinceramente que a história de Michael, Robert, Wong, Paula e todos os personagens que tornam o livro vivo e fascinante, faça alguma diferença em suas vidas. Não quero que seja um livro só meu, mas de todos. Quero ver um sorriso no rosto de cada leitor ao ler as últimas linhas. Quero que a vontade de ler o próximo, seja a mesma que tive ao escrevê-lo!

Para conhecer um pouco mais sobre o livro: www.jrocha.com.br